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Cuspo Cataclítico



Está amanhecendo lá fora. Todos os ventos trancados no mundo real não adentram minhas profundidades imensas. Cá dentro, é noite intermitente, escuridão mais densa que buraco negro.
Pra cá, a luz não passa, não vem rimar suas causas com meu desespero, ou causar antítese às minhas tristezas justificadas. 
Parece catedral imensa o interior ecoante cheio de olhos. Não mais que superfície dialética pinta os odes de amarelo e rosa mas, por dentro, branco de morte, minam as ideias profanas e desagradáveis.
E são mortalhas ressequidas e desfolhadas os versos de verdade obscura. Os que como a noite vêm com assombrosos mistérios, sombreados pela falta de objetos: expostos.
Cá dentro, a festa horrenda da decomposição das vontades. As palavras são subprodutos da degradação, são estorvos. Eu, ainda de olhos abertos mas desatentos, e imóvel, espero os sonhos. É madrugada lá fora. Mas por dentro ainda, noite escura. Os versos pulsantes apodrecendo vivos.

                                                                                                  ( Nine )

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