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Amor, dor que mata calada.

    
  O problema quando o amor começa a existir, é que ele começa a tomar conta de seu ser. Não parcialmente -quem me dera ter essa sorte- mas sim completa e obsessivamente. Por um lado é tão destrutivo quanto o fogo, porém, ao mesmo tempo é tão sensível quanto uma criança. Ah, quisera eu poder simplesmente ignorar essa criança. Quisera eu que destruição e sensibilidade fossem as únicas coisas que o amor traz consigo.  Ele também é a loucura, a cegueira e o puro ódio. É a loucura porque, por mais sensato que você seja, jamais conseguirá controlar seus impulsos quando se está amando - bom, ao menos realmente. E a cegueira irremediável, pois não se tem noção alguma de nada: do quão impossível pode ser, do quão ridículo suas atitudes podem estar se tornando. E é o puro ódio porque o amor sempre fere... E dor gera ódio. Esse ódio compensaria se pudesse ser dispensado somente numa única pessoa em especial. Mas nunca é assim. Sempre acabamos ferindo os outros e, assim, gerando mais e mais ódio. O que cria um círculo sem fim e, acima de tudo, mortal. O amor é isso. É a morte, num resumo simplório - que nem por isso deixa de ser demasiadamente realista.
   Minha loucura começou já faz algum tempo.  De início eu nem me importava muito. Mas depois de um tempo comecei a, inutilmente, tentar ignorar. Mas ignorar aquilo que parecer ser o que te mantém “viva” é algo inacessível, porém, por mais absurdo que parecesse ser, eu tentei. Tentei com todas as minhas forças até ficar totalmente cega e desamparada. O problema começou no exato momento em que percebi que eu estava gostando daquilo. Não só da loucura ou do desamparo, e sim da minha condição geral.  Eu adorava ser a louca, cega e apaixonada. Mesmo que isso corroesse de maneira implacável e irreversível meu coração. Mas acho que por um lado esse detalhe tornou-se desimportante pelo simples fato de quê: para que preciso de meu coração se ele só me serve como fonte inesgotável de dor e sofrimento?  Por que me importar com aquilo que está me matando? - Se eu me importasse com esses sentimentos, que de certa forma tornaram-me tão egoísta quanto eles próprios, seria a mesma coisa que arrancar por puro entretenimento um pedaço de carne meu. Seria masoquismo.  Simplesmente isso. Feria em nível idêntico, senão superior. Porque a carne cura, mas um coração ferido é algo que se leva para o resto da eternidade.  Exatamente como tenho gravado na memória cada palavra de desprezo que feriu tão cruelmente quanto uma espada nas mãos de um guerreiro raivoso que, bravamente, tem sacrificado tudo o que mais ama pelo momento em que exterminaria com o odiado inimigo. Os lábios dela eram a espada com o homem raivoso enquanto, para a minha infelicidade, eu era o odiado inimigo. Só que era odiada sem nenhuma justa causa. Ou simplesmente, meu sofrimento era algo agradável para a causadora da minha loucura. E essa seria a justa causa. Eu, minha dor. Teria eu acabado como fonte de diversão por meio dor e tristeza?
   Por mais extraordinário e insano que possa parecer -e de fato- ser, eu nunca me importei muito. No exato momento em que meu coração começou a bater por outra pessoa, a autoestima foi-se ao lado da sanidade e ambas seguiram até que simplesmente desapareceram. O mesmo aconteceu com meus sorrisos e demonstrações de sentimentos no geral. Foram parando aos poucos até deixarem de existir.
     Porém, a ápice da loucura veio temperada com dor e angústia. E veio sem piedade alguma. Como uma manada de animais assustados, simplesmente veio louca e em disparada. E no fim é isso o que conta. Talvez pelo simples fato de que somente os finais realmente contam com alguma real importância. O modo pelo qual se chegou a eles torna-se de importância, no mínimo, questionável.

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